Violência no Namoro


  • Violência no namoro é a perpetração ou ameaça de um ato de violência por um dos membros de um casal não casado sobre o outro no contexto de um namoro, ou quando um dos parceiros tenta exercer controlo sobre o outro através de abuso ou violência. Este abuso pode assumir várias formas: agressão sexual, assédio sexual, ameaças, violência física, abuso verbal, físico ou psicológico , sabotagem social, stalkinggaslighting, chantagem emocional e manipulação psicológica. A violência no namoro é um fenómeno transversal a membros de todas as faixas etárias, géneros, classes económicas, orientações sexuais e grupos sociais, sendo assim qualquer pessoa pode ser vítima de tal violência. Esta pode surgir em todo o tipo de casais, independentemente de ser heterossexual ou homossexualgay ou lésbico.



Numa fase em que a autoestima e personalidade dos jovens se encontra em construção e formação, a vivência de relacionamentos interpessoais saudáveis é um fator de extrema importância. A gravidade da ocorrência de violência entre pares e, especialmente, na relação de namoro, estende-se até à idade adulta com danos significativos ao nível emocional e dificuldades no estabelecimento de relações afetivas, bem como no reconhecimento dos limites dentro dessas mesmas relações.

Até há muito pouco tempo, a violência na intimidade era considerada um assunto privado, tanto pela sociedade, como pela justiça ou pelos governos. A tomada de consciência, da necessidade de proteger as vítimas da violência que ocorre no seio da relação e de tomar medidas para punir os agressores é recente, nomeadamente por parte das autoridades.

É, por isso, importante que se comece por compreender o que é a violência no namoro e como se manifesta. Esta acontece quando, no contexto das relações de namoro, um dos parceiros, ou até mesmo os dois, recorre à violência com o objetivo de marcar a sua posição como um lugar de dominância, poder e controlo.

A violência pode tomar várias formas: tanto pode ser física, psicológica, emocional, verbal, económica e/ou sexual. O objetivo da pessoa que agride é sempre o de controlar, isolar, tornar o outro frágil e inseguro.

Contudo, sabemos que nem sempre é fácil para um jovem, ainda em formação, gerir todo o leque de emoções que vivencia numa relação de violência. De um lado estão os sentimentos que tem pelo outro e aqueles que julga que o outro tem por si, por outro estão as emoções de raiva, tristeza e frustração sentidas pelo facto de estar a ser tratado daquela forma por alguém que acredita gostar de si.

O medo da rejeição é enorme e esta é uma fase em que uma rejeição tem um impacto avassalador para os jovens. É por isso comum que o jovem fique refém desse medo e desse suposto sentimento. Comportamentos de controlo e ciúme passam a ser considerados normais e demonstrativos de afeto, o que apenas vai alimentando a escalada de violência.

Os pais, muitas vezes colocados em segundo plano pelos jovens nesta fase, têm um papel fundamental na deteção da situação e no apoio ao jovem. Mesmo que a adolescência seja uma fase difícil na relação entre pais e filhos, estes continuam a ser o porto seguro dos filhos, aqueles com quem eles sabem que podem contar e que tudo farão para os proteger.

É importante estar disponível para conversar abertamente sobre as relações dos filhos. Recordemo-nos que, quanto mais distantes os pais estiverem ou mais negligenciarem as relações dos filhos, mais os estarão a colocar em risco. O desconhecimento dos relacionamentos dos filhos é um grande fator de desproteção.

Mas, a que devem os pais estar atentos nas relações amorosas dos seus filhos? Quais os comportamentos de risco e sinais de alerta?

A violência nas relações amorosas na adolescência surge quando os/as rapazes/raparigas pensam que:

- Têm o direito de decidir determinadas coisas pela/o namorada/o:

- O respeito se impõe;

- Ser masculino é ser agressivo e usar a força

- As crises de ciúme e o sentimento de posse do namorado/a significam amor;

- São responsáveis pelos problemas da relação;

- Não podem recusar ter relações sexuais quando ele/ela deseja.

O adolescente estará a viver uma relação violenta quando o/a namorado/a:

- Belisca, empurra, arranha, dá ordens ou toma todas as decisões;

- Não valoriza as suas opiniões, é ciumento/a e possessivo/a;

- Não quer que saia com os amigos e controla todos os seus movimentos;

- O/a humilha à frente dos amigos e culpa-o/a pelos comportamentos violentos dele/a,

- Tem medo da reação dele/a.

Sinais de alerta:

- Perda de apetite e emagrecimento excessivo;

- Dores de cabeça;

- Nódoas negras;

- Queimaduras (ácido, pontas de cigarro);

- Nervosismo;

- Tristeza;

- Ansiedade;

- Sentimentos de culpa;

- Baixa autoestima;

- Confusão;

- Depressão;

- Isolamento;

- Gravidez indesejada;

- Doenças sexualmente transmissíveis;

- Baixa dos rendimentos escolares ou abandono escolar;

- Ideação do suicídio. 

Exemplo de violência no namoro (vídeo)




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